Tão plano e calmo, o ‘tímido’ Parque Continental
- nickpedrosajor
- 7 de out. de 2021
- 2 min de leitura
Esse é um dos maiores bairros da região, bem como um dos mais tranquilos para viver

Último loteamento particular autorizado pela Prefeitura na região, em 1986, o Parque Continental registrou, no início dos anos 90, uma grande expansão. Mas, assim como todo começo, enfrentou problemas que hoje se tornaram lembranças deste que é um dos maiores bairros do continente.
A empresa responsável por organizar o loteamento foi a extinta Samaritá Empreendimentos Imobiliários, um braço da Cidade Náutica Imóveis, de propriedade de Eduardo Celso Santos. O nome do bairro se refere à grande área de planície que faz do lugar um bairro completamente nivelado, com ruas largas e espaçosas.

O mecânico José Batista da Cruz, 60, foi um dos primeiros a comprar um deste lotes. Na década de 80, ele trabalhava como motorista e trazia, da Cosipa, os moradores da Área Continental para suas residências. “Morava no Castelo, em Santos, e pagava aluguel. Um dia, quando deixei um funcionário no Humaitá, ele comentou comigo que estavam vendendo terrenos em um novo loteamento. Me interessei e fui buscar detalhes”, diz ele.
Na mesma semana que foi se informar sobre o terreno, ganhou uma “quantia razoável de dinheiro” na loto. “Depois disso, estava certo: paguei 47 mil cruzeiros por um terreno”. Para efeitos de comparação, Batista gastava, por mês, 17 mil cruzeiros com o aluguel de sua residência em Santos. Segundo o morador, o loteamento foi vendido com a promessa de que ganhariam água encanada, luz, esgoto, guias e sarjetas. “Mas, isso foi acontecer bem depois”, conta.
Dona Helena Reis, 62, reafirma o que diz seu Batista. “Existia uma areia bem fina no Parque Continental, o bairro era praticamente todo assim. Quando ventava, aquela areia subia e entrava na casa da gente. O vento também levou muitas telhas das casas que estavam sendo construídas”, relembra ela.
A moradora utilizou um poço artesiano em sua casa por cinco anos e a água potável era buscada na casa de um amigo, no Humaitá (que fica ao lado do Parque Continental). Mas, dona Helena e seu Batista ressaltam: não havia só histórias sofridas.
“Até hoje, é muito fácil fazer amizade no bairro. Como aqui sempre foi tranquilo, nós jogávamos bola, brincávamos de esconde-esconde, peteca etc. Íamos à cachoeira, fazíamos trilha no morro. São coisas que sempre fazíamos juntos, bem como ajudar os novos moradores a erguer suas casas”, afirma dona Helena, complementada por seu Batista: “Juntava meus amigos e íamos pescar carazinho num córrego próximo. Eita tempo bom”.
Imagens do bairro, sendo possível passá-las com as setas pretas nos cantos esquerdo e direito. Fotos: Nícolas Pedrosa e Michelle Pedrosa
Por: Nícolas Pedrosa
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