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Parque das Bandeiras e Gleba II: divididos por uma rodovia

Bairros têm história de luta e garra no decorrer dos anos e um dos protestos mais marcantes da região

Parque das Bandeiras em imagens - Fotos: Nícolas Pedrosa


Não há motivos ideológicos, briga religiosa ou gangues em pé de guerra. O que divide os bairros Parque das Bandeiras e Gleba 2 é a finada Rodovia Pedro Taques, conhecida, hoje, como Padre Manoel da Nóbrega. Mas isso não impede que essa localidade evolua e seja uma das mais bem estruturadas da região.

Divisa entre o Parque das Bandeiras e Gleba 2 - Thinglink: Nícolas Pedrosa


Foi em 1969, quando Eduardo Celso Santos, proprietário de diversos terrenos na Área Continental, entrou com o processo nº 599 na Prefeitura de São Vicente, solicitando autorização para lotear as imediações da rodovia. O processo de terraplanagem do local e as vendas dos lotes tiveram início no ano seguinte.

Imagem do bairro antigamente - Foto: Arquivo Prefeitura de São Vicente (PMSV)

Para ajudar a identificação dos lotes às margens da rodovia, foram colocadas bandeiras coloridas. Na praça central também existiam diversas bandeiras. Por isso, os responsáveis pelos terrenos resolveram batizar carinhosamente o local de Parque das Bandeiras.


Quem corrobora e se lembra bem desse início é o mecânico Gilson Basílio dos Santos, 63 anos, residente do local há 51. Ele comenta que, no passado, os moradores não tinham casas decentes, urbanização, opções de escolas e os coletivos eram péssimos - tanto municipais quanto intermunicipais. “Beber água? Só se buscássemos em um chafariz localizado na praça central do bairro (hoje, a Praça Brasília ou Primeira Praça). Iluminação? Só viemos ter uma decente após o mandato do prefeito Koyu (Iha). Ele trouxe luz para a praça e água encanada após muitas reinvindicações”, comenta seu Basílio, lembrando ainda das reuniões familiares no espaço.

Praça Brasília, popularmente chamada de "Primeira Praça" - Foto: Nícolas Pedrosa

“Às 23 horas estava todo mundo lá, brincando, caindo no córrego que havia, se sujando de lama. Era um tempo bom”.


Basílio se diz satisfeito, trabalha como mecânico e, atualmente, não trocaria de local. “Eu, me mudar? Nunca! Esse lugar me acolheu, me ajudou a evoluir como pessoa”, enfatiza ele, já não escondendo as lágrimas e as doces lembranças.

Imagens do Parque das Bandeiras - Fotos: Nícolas Pedrosa e Ana Clara Pedrosa


“Queremos melhor acesso”


Não demorou muito e as lutas por melhorias começaram a ganhar força e voz. Desde 1973, o núcleo passou por diversas manifestações e a mais marcante foi a interdição da finada Pedro Taques.

Manifestação pedindo a criação de um viaduto e uma passarela. Reivindicações atendidas e, hoje, a região conta com essas duas obras estruturais - Foto: G1 Santos

Quando chegava a temporada de verão, muitos turistas desciam a serra em busca das praias das cidades litorâneas, principalmente de Praia Grande e outras do litoral sul, o que piorava a locomoção das pessoas e o trânsito local. Afinal, havia apenas duas pistas: sentido Cubatão e praia.


Dona Maria Antônia, 77 anos, moradora há 56 da região, lembra-se bem da manifestação e da revolta da população. “Foi feito um protesto pedindo a duplicação. Fecharam a pista, queimaram pneus, eram mais de 500 pessoas. O batalhão de choque da Polícia Militar veio de São Paulo para acabar com a revolta e, depois disso, a situação que era tranquila virou uma guerra. O corre-corre começou e todos foram buscar abrigo em uma igreja local”.


Mesmo com esse embate, os bons frutos foram colhidos pelos moradores. “Foi um congestionamento que parou os carros até Peruíbe. Hoje, a pista conta com três vias de cada sentido, além de passarela e um viaduto, que facilitam o acesso e o trânsito local”, comemora dona Maria Antônia.

Extra! Extra! Sucesso de vendas de lotes do bairro... qual o nome mesmo?

Do outro lado do viaduto, a vista aérea da Gleba 2 - Foto: Nícolas Pedrosa

Gleba, isso mesmo. O nome do bairro significa a sua essência, traduz seu início: um pedaço de terra sem urbanização. Os primeiros terrenos foram vendidos rapidamente, fazendo com que Eduardo Celso Santos, o proprietário da localidade, investisse cada vez mais. E deu certo.


Wania Ruiz Barreiros, 57, é a responsável pela única imobiliária no bairro, criada há 39 anos. Não é à toa que ela foi uma das primeiras a adquirir um lote. “Estava vindo para Praia Grande e vi este loteamento. Paramos, eu e meu marido, e, como as condições de pagamento eram flexíveis, até 72 meses para pagar, compramos um lote”.

Imagens do bairro que fica à beira da Serra do Mar- Fotos: Nícolas Pedrosa e Ana Clara Pedrosa


Segundo ela, o local era bem organizado, tinha calçada e guias. “Após construir a casa, meu marido e eu fomos convidados para trabalhar como corretores deste loteamento”, conta Wania. A partir deste momento começaram as edificações no Gleba, com ela sendo uma das vendedoras. “Tivemos o primeiro bebê no bairro, uma menina, e, com o tempo, foi difícil criá-la por falta de infraestrutura de escolas e creches”, relembra.


Mesmo com os problemas, o pensamento em se mudar saiu logo de sua mente. “Seguramos as pontas, não foi fácil. Hoje, minha filha está formada em Direito e possui até escritório no Gleba. São anos morando aqui e temos acompanhado a evolução. Gosto da paz do lugar, não saio daqui mais”.


Por: Nícolas Pedrosa

 
 
 

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