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Conjunto Habitacional Humaitá: de aposta a progresso e desenvolvimento

Um dos bairros mais evoluídos, seu começo foi complexo e cercado de incertezas

Praça do H: a mais famosa do bairro e ponto de encontro de moradores - Foto: Nícolas Pedrosa

Quem ousaria deixar de viver em um lugar com estrutura básica, com equipamentos perto de casa, para morar em um local novo, afastado dos grandes centros e de difícil acesso? Pois é, essa troca aconteceu com cerca de 3 mil famílias. Em novembro de 1983, essas pessoas passaram a morar no inaugurado Conjunto Habitacional Humaitá (CHH). Na época, um desafio tremendo e cheio de incertezas. Hoje, um dos mais importantes e estruturados bairros da região.


O CHH foi idealizado pela Companhia de Habitação da Baixada Santista (Cohab-BS). A construção das casas aconteceu entre 1978 e 1983, por meio de financiamento do extinto Banco Nacional de Habitação (BNH). Eram residências populares, construídas em estilo idêntico, voltadas para pessoas com baixa renda que queriam realizar o sonho da casa própria.

Área do bairro, vista de cima - Foto: Google Maps

E era nesse contexto que estava Eliseu Bispo dos Santos, 67 anos. Na época, ele morava em Santos e ficou sabendo que a Cohab-BS realizava inscrição para dois novos empreendimentos, os conjuntos Humaitá, em São Vicente, e o Samambaia, em Praia Grande.


“Não conhecia as duas regiões. Fui pessoalmente à sede da Cohab me inscrever. Não conseguia mais pagar aluguel, a situação estava insustentável”, relembra Bispo. Ao chegar para conhecer o lugar, ficou surpreso. “Era um areião, com os terrenos demarcados com estacas de madeira. Não tinha nada perto. Era no meio do nada”. Mesmo com o baque, como um bom brasileiro, não desistiu.


O sorteio foi realizado em 1983, no pátio do Colégio Santista. “Fui sorteado e saí com a chave de lá”, comenta. Havia três tipos de residências: casa-embrião e edificações com um ou dois quartos. Eliseu Bispo ganhou a casa-embrião.


No início, o preconceito foi uma das coisas que mais marcou a trajetória do novo morador. “Diziam que morávamos em terra de índio, pela distância. Para ir a Santos, primeiro tinha que ir para Praia Grande e, só então, seguir caminho para o serviço”, diz.

Essa é a Praça 90, que foi inteiramente reformada e é espaço para treinamento de automóveis e motos, além de patinação, futebol e pega-pega - Vídeo: Nícolas Pedrosa


Participando também da conversa, seu Marcelo de Oliveira, 65, comenta a falta de iluminação pública e como eram engraçadas certas situações. “Com as casas parecidas e pouca visibilidade, era corriqueiro as pessoas chegarem do trabalho e baterem na porta errada”, lembra ele, em gargalhada.


Essas dificuldades fizeram com que as pessoas debandassem do lugar, “trocando as casas por caixas de cerveja”, afirma Marcelo, pois não acreditavam que o Humaitá daria certo. “Mas, quem apostou, assim como eu, se deu bem”, disse ele.

Conheça um pouco do bairro atualmente - Thinglink: Nícolas Pedrosa


A mecânica Julia dos Santos, 40, comenta que, ao contrário das versões contadas por seu Marcelo e Eliseu, hoje o bairro é totalmente diferente. “A Rua José Singer é um dos pontos de comércio mais fortes da região, com farmácias, mercados, lojas de eletrônicos, de roupas e calçados. Ônibus para Santos? Temos e com bastante variedade”.


Rua José Singer... ou deveria dizer Rua José Business?


Considerado um dos pontos fortes do comércio continental, a Rua José Singer possui de tudo um pouco. Mas, assim como o bairro, o começo da caminhada comercial foi bastante conturbado e cercado por dificuldades.


José Gomes de Moura Irmão, 60, conhecido como Castelinho, foi um dos pioneiros do núcleo. Ele morava no Jardim Rio Branco quando o Humaitá foi entregue e, no dia da inauguração, ele estava lá com seu carrinho vendendo refrigerantes.

Imagens em carrossel, sendo possível clicar nas setas em cor preta, nos cantos esquerdo e direito. Fotos: Nicolas Pedrosa, Júlia Pedrosa e Michelle Pedrosa


“A ideia angariou diversos clientes, aumentando a procura. Logo criei uma espécie de conjunto comercial, com quatro barracas e vendia bastante e de tudo um pouco. O bairro era novo, nem tinha comércio instalado, padaria ou mercado”, afirma ele.


O seu apelido veio junto com o seu primeiro comércio fixo, um minimercado nas proximidades da praça do ponto final do Humaitá, chamado Castelinho. Hoje, José Gomes de Moura Irmão é ex-vereador da Cidade. Chegou a disputar o último pleito, mas não conseguiu manter-se no cargo. Seu total de votos foi de 2.215.


Por: Nícolas Pedrosa

 
 
 

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